Leitura: Quinta Avenida 5 da manhã. Escrito por Sam Wasson.


Sinceramente...achei mais um livro sobre os bastidores da filmagem do que uma análise do surgimento da mulher moderna.  Este assunto ele aborda de forma menos profunda. Na verdade, os bastidores não apenas da filmagem mas da época em que o romance foi escrito e depois encenado dão conta de mostrar como foi meio surgindo e meio sendo criada esta chamada mulher moderna. Interessante observar , com o tempo de 50 anos depois, como muito do que  foi criado foi assim bem sem querer e por instinto. Não era uma regra, uma teoria. Era instinto. Assim como Audrey que dizia atuar por instinto também.  Isso e algumas noções, alguma observação mais apurada do que as pessoas estavam dispostas a aceitar no final da década de 50/ início da década de 60 (quando começou a ser produzido, filmado  e estreou), criou e reforçou a idéia de uma mulher mais livre, mais esperta, que usa preto e não está de luto. A protagonista que era uma prostituta vinda do interior e (no fim das contas) romântica,  era sutil em seu lado mais pesado (sexo por dinheiro) e acarinhou aquelas que ainda esperavam um final feliz. Foi nessa construção de personagem e tendo como atriz Audrey Hepburn (moça de respeito e elegante) e não Marilyn Monroe (primeira opção, amiguinha de Truman, mas com os lados vagaba e burra muito exacerbados e que o estúdio certamente vetaria) que a  mulher saiu dos anos 50 de vida estritamente domestica para os anos 60, mais liberais.

O livro também traz algumas fofocas e traça mais ou menos a personalidade dos envolvidos. Infelizmente fiquei com a impressão de que Audrey era uma chatinha, sabe? Não falava alto, não brigava com ninguém e sempre se achava incapaz. Ela fazia muito sucesso, mas parece que ela era obrigada a isso, a ser atriz. Era algo que ela fazia sem convicção nenhuma. Mas não vamos deixar as impressões tirarem o brilho desta que foi, pelo menos para mim, uma das personagens mais deliciosas de Hollywood.

Algumas curiosidades interessantes:
O filme concorreu a 5 Oscars mas ganhou apenas de melhor canção original e trilha sonora.
Audrey concorreu a melhor atriz, pegou um avião da Suíça para Los Angeles apenas para a cerimônia mas teve dor de garganta e ficou no hotel.
O filme também inovou na Trilha sonora. Saiu um pouco de cena as orquestras. Naquela época as musicas não tinham relevância se separadas dos filmes, mas Henry Mancini compôs musicas de Jazz para tocar no rário e vender álbuns. Ele se tornou o primeiro compositor de trilhas a faturar com o publico consumidor. E claro,  apresentou a belíssima canção Moon River ao mundo.
Na gravação da ultima cena, em que chove, Hepburn tinha dois camarins: um para tirar a  roupa molhada e outro para vestir a seca. Os dois camarins se chamavam  Hepburn seca e Hepburn molhada. Imagino isso na confusão de refazer a mesma cena algumas vezes!
O filme recebeu excelentes criticas. Mas teve um critica negativa e muito absurda de Irving Mandell, se pararmos para pensar em tudo o que aconteceu.  “ temo que o roubo de lojas vá aumentar entre os adolescentes depois de ver esse filme” e “Nenhum dos dois filmes (Bonequinha e La Verite com Brigitte Bardot) tem uma história que faça sentido. Não há nada que faça o espectador simpatizar com os personagens principais de cada um”  foram o destaque de sua critica. Essa sim, parece bem sem sentido.

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